Com o objetivo de criar propostas e prospecções de novas relações comerciais entre Minas Gerais e os países da Liga Árabe, representantes da Vice-Governadoria, Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sede) e Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento se reuniram virtualmente, na última sexta-feira (18/9), com o secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira (CCAB), Tamer F
awzy Mansour.
“Nessas primeiras conversas com a CCAB, que representa as 22 nações da Liga Árabe e se encontra em São Paulo, percebemos que eles tinham pouco conhecimento de Minas Gerais e que a pauta dos países árabes inclui grande interesse na questão de segurança alimentar e agronegócio. Para identificar essas áreas de interesse mútuo, achamos muito oportuno colocar a entidade em contato direto com a secretária de Agricultura Ana Valentini”, detalha Thiago Almeida, assessor de Investimentos Internacionais da Vice-Governadoria de Minas Gerais.
Durante o encontro, a secretária Ana Valentini fez uma rápida apresentação dos principais produtos exportados atualmente para os países da Liga Árabe, sendo 54% do complexo sucroalcooleiro, 24% de proteína animal e 14% de café. Ela também destacou alguns setores que possuem grande potencial para ampliação da exportação para a região, como os lácteos, o café e as frutas.
“Temos uma expectativa de que, nesse período pós-pandemia, haverá um aumento no consumo de produtos saudáveis e, consequentemente, das frutas. No Norte de Minas, que é uma região com muita terra produtiva e alta exposição solar, estamos trabalhando para expandir a área irrigada, sendo a região bastante propícia para a fruticultura”, destacou.
Paulo Diniz, superintendente de Atração de Investimentos e Estímulo à Exportação da Sede, conta que há cerca de um ano a pasta vem colocando em prática uma abordagem para o comércio exterior bastante distinta da que costuma ser utilizada no Brasil. “A parceria com a Seapa é um dos frutos dessa mudança, aplicando uma abordagem mais pontual, por setor ou países. Estamos trabalhando muito mais com inteligência comercial, detectando mercados e demandas que já estão maduros para, depois, buscarmos uma atuação mais precisa e sermos mais eficientes, e com um dispêndio menor de recursos”, ponderou.
Além da secretária Ana Valentini, também participaram da reunião o subsecretário de Política e Economia Agropecuária, João Ricardo Albanez; o chefe de gabinete da Seapa, Gustavo Nogueira; e o superintendente de Inovação e Economia Agropecuária, Carlos Eduardo Bovo.
Egípcio residente no Brasil há 20 anos, Tamer Fawzy Mansour, secretário-geral na CCAB, ressaltou que os árabes são um dos maiores importadores de frutas do mundo. “Mas ainda temos uma limitação com relação ao Brasil, talvez pelos obstáculos da logística e, também, por falta de conhecimento. Acredito que podemos trabalhar com Minas Gerais na pauta de frutas, laticínios e, também, com investimentos para o setor agrícola, pois existem muitos fundos árabes, públicos e privados, com interesse na pauta de segurança alimentar”, pontuou.
Ele aproveitou a oportunidade para convidar a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) para participar do “Fórum Econômico Brasil & Países Árabes”, que acontecerá de maneira totalmente virtual entre os dias 19 e 22 de outubro. “Acho importante a presença da secretária para apresentar as potencialidades do agro de Minas diretamente para os visitantes e investidores árabes. Teremos algumas salas virtuais, salões de exposição, e, com a sua participação, poderíamos conseguir algumas reuniões”, acrescentou Mansour.
O secretário-geral também abriu a possibilidade de a Seapa enviar uma comitiva para a Gulfood 2021, uma das maiores feiras de alimentos do mundo que será realizada em fevereiro de 2021, em Dubai. “Para este evento, eu apostaria em produtos de valor agregado, produtos orgânicos in natura, com uma identificação mais forte, que é onde o consumidor árabe está, cada vez mais, se preocupando e adquirindo”, disse.
Tamer Fawzy Mansour falou ainda sobre o interesse dos árabes pelo café, carro-chefe da agricultura mineira. Segundo ele, é preciso conscientizar os produtores para a importância de se vender produtos prontos e não apenas os grãos. “Vocês não têm ideia da grande procura dos países do Golfo por café em cápsula, café pronto para consumo e que trazem um valor agregado”, garantiu.
“Se o interesse é por café, você está falando com o estado certo”, respondeu a secretária. “Vamos trabalhar em cima desta demanda. Já temos indústrias que produzem café especiais, mas temos que ampliar essa visão. Aproveito também para convidar a CCAB para participar da Semana Internacional do Café (SIC) 2020, que será 100% digital, entre os dias 18 e 20 de novembro. Seria muito importante a participação do mercado árabe neste evento”, acrescentou a secretária Ana Valentini.
Aeroporto Indústria de Confins
Ainda de acordo com o secretário-geral da CCAB, outro ponto que não poderia ficar de fora da reunião é a possibilidade de arregimentar investimentos para o Aeroporto Indústria de Confins.
“Essa é uma medida que pode ter um link muito forte com produtores e exportadores, especialmente de frutas e proteínas, pois seria mais atraente para o público árabe o envio destes produtos através de linhas áreas. Alguns países, como Austrália, Canadá, EUA e outros europeus, são grandes exportadores justamente porque os seus produtos chegam de avião, bem rápido. Eles vendem, principalmente, alguns cortes específicos de carne diretamente ao consumidor final, como restaurantes de alto nível dos hotéis e resorts”, completou Tamer Fawzy Mansour.
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