Grupo político palestino Recorda Assassinato de Refugiados Palestinos em Território Libanês Ocupado por Israel, em 1982
Em aniversário de massacre, Frente Democrática Palestina critica plano de paz dos EUA
Datas são símbolos importantes no mundo árabe, e atualmente é lembrado um acontecimento triste. Entre os dias 19 e 20 de setembro de 1982, em um campo de refugiados palestinos ao sul de Beirute, capital do Líbano, que então se encontrava sob ocupação do exército de Israel - a guerra do Líbano havia começado pouco antes -, teve lugar o que ficou conhecido como o Massacre de Sabra e Chatila, perpetrado por um grupo de extrema-direita libanês. A milícia teria recebido sinal verde dos militares israelenses para massacrar os civis.
A depender da fonte, o número de mortos foi de poucas centenas a 3.500 palestinos, entre homens, mulheres e crianças.
No início desta semana, para marcar o aniversário da tragédia, a Frente Democrática pela Libertação da Palestina (FDLP) publicou uma carta aberta à comunidade internacional, em que faz severas críticas ao chamado "Acordo do Século", um plano de paz anunciado no início deste ano pelo presidente dos EUA, Donald Trump, que prevê, entre outras medidas, "uma solução de dois Estados", declarando que Jerusalém permanece como a capital "indivisível" de Israel e também de um futuro estado palestino. Atualmente,a comunidade internacional reconhece Tel Aviv como a capital israelense.
"O massacre de Sabra e Shatila, cujo trigésimo oitavo aniversário é lembrado pelos povos palestino e libanês nos dias de hoje, é a verdadeira imagem do plano paz de Donald Trump, que tenta empurrar ao nosso povo a liquidação da sua causa patriótica e de seus legítimos direitos nacionais à liberdade, dignidade, independência", afirma a carta divulgada pela FDLP.
A Frente acrescenta ainda que o crime de Sabra e Shatila não prescreve, pois é um perfeito crime de guerra conforme descrição constante em tratados internacionais.
" A FLDP apela ao povo palestino em todos os lugares para relembrar o massacre de Sabra e Shatila, e para expor à opinião pública internacional a verdadeira imagem do estado de ocupação criminoso da Palestina por Israel", afirma a nota.
De acordo com Issam Rabih Menem, pesquisador de Estudos Estratégicos Internacionais da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), o "Acordo do Século" já traz uma incorreção em seu próprio nome. "Em um acordo, as partes conflitantes sentam e acordam um assunto que está em contestação. Mas, o 'Acordo do Século' foi capitaneado por autoridades norte-americanas junto ao governo de Israel, sem a participação de qualquer autoridade palestina na confecção dos termos a se acordar", explica o estudioso.
"O acordo proposto impossibilita os palestinos de controlarem seus portos marítimos e seus aeroportos, sujeitando-se à passagem de check points israelenses todas as vezes que quiserem se locomover de uma cidade a outra de seu território. Pelo acordo, criaria-se um Estado sem qualquer tipo de soberania. Um acordo como esse, não poderia trazer paz ao Oriente Médio", finaliza o acadêmico.
Edição: Rodrigo Durão Coelho
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