A cidade de Hegra, localizada nos desertos a norte de Al Ula, no noroeste da Arábia Saudita, vai pela primeira vez abrir ao público, podendo os visitantes explorar agora este local antigo sem quaisquer restrições.
Hegra, também conhecida como Mada’in Saleh, é a cidade-irmã mais famosa de Petra, na vizinha Jordânia, e está classificada como Património Mundial da UNESCO.
Turistas e aficionados poderão agora visitar este espaço, que abrange um vasto sítio arqueológico repleto de vestígios de uma cidade que outrora foi próspera e estava localizada numa importante rota de comércio internacional.
Depois de Petra, localizada a 320 quilómetros de distância, Hegra foi a segunda cidade dos nabateus, nómadas ancestrais dos árabes que controlavam o comércio de especiarias e construíram uma civilização em pleno deserto.
Especializados em hidráulica, os antigos nabateus foram capazes de canalizar a água da chuva para cisternas que lhes permitiram construir incríveis cidades num dos ambientes mais inóspitos do mundo, escreve o portal Ancient Origins.
Este povo prosperou a partir do século IV a.C. até ao século I d.C.
Apesar de ter sido subjugada pelos romanos, a cidade de Hegra continuou a prosperar até o século III d.C, altura em que as rotas mudaram, levando ao declínio rápido da cidade.
Foi depois abandonada na Idade Média, mas o os otomanos construíram um forte no local durante a Primeira Guerra Mundial durante a revolta árabe que foi instigada por Thomas Edward Lawrence, conhecido como Lawrence da Arábia.
Nos últimos anos, um projeto conjunto de sauditas e franceses escavou e restaurou o local. Abrirá agora ao público pela primeira vez, deixando de ser necessário uma autorização especial do Governo saudita para se visitar o local.
Segundo o portal Smithsonianmag, este é mais um esforço do Executivo saudita para diversificar a economia do país, muito alicerçada no petróleo.
“Uma metrópole transformada em necrópole”
Tal como Petra, é quase impossível falar de Hegra sem mencionar os seus túmulos.
Atualmente, a segunda cidade do Reino Nabateu, “é uma metrópole transformada em necrópole”, escreve Smithsonian, dando conta dos inúmeros túmulos e monumentos funerários que existem no local, datados desde o século IV a.C ao século I d.C.
Estes túmulos são altamente decorados num estilo distinto que reflete as influências de outras culturas, incluindo a grega – alguns têm esfinges e figuras de Medusa.
Ao todo, são mais de 111 túmulos, longe dos 600 existentes em Petra. Destes 11, mais de 90 estão decorados e alguns têm inscrições, sob uma forma antiga de árabe, que alertam os vivos para não mexerem nos túmulos. “Que o senhor do mundo amaldiçoe qualquer um que perturbe esta tumba ou a abra”, pode ler-se num dos túmulos.
Laila Nehmé, arqueologista e co-diretora do Projeto Arqueológico de Hegra, define esta antiga cidade ao estilo do barroco. “Por que motivo o barroco? Porque é uma mistura de influências: temos algumas mesopotâmicas, iranianas, gregas, egípcias”.
E remata: “Podemos pegar em algo emprestado de uma civilização e tentar reproduzi-lo – o que não foi o que aconteceu aqui. Este povo pegou em várias influências emprestadas e construiu, a partir destas, os seus próprios modelos originais”.
FONTE: AP
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