Um Olhar Ao Mundo Árabe
É difícil generalizar qualquer coisa quando se fala do mundo árabe, especialmente no que diz respeito à cultura. A variedade de povos, costumes e grau de aceitação do mundo ocidental é enorme. Os Emirados Árabes, por exemplo, são um país em que vários costumes ocidentais são aceitos; já o Iêmem é um país fechado, onde prevalecem regras mais rígidas.
A poligamia e os haréns, a ausência de educação e de direitos, o brilho de diamantes e a paranja ou burca. A vida das esposas muçulmanas carrega uma grande quantidade de estereótipos para os estrangeiros. Muitos deles, claro, não passam de mito enquanto outros são verdadeiros em boa parte dos países.
Neste post, falamos um pouco dessa questão.
Casamento contratual
- A verdade é que metade dos casamentos em muitos países árabes ainda se baseia na vontade dos pais. Muitos têm certeza de que ninguém leva em conta a opinião da garota. Na verdade, não é assim. Se a mulher não gostar do noivo, ela tem o direito de rejeitar a proposta de ser sua esposa.
- O contrato de casamento tem de ser necessariamente assinado. Ao contrário do restante do mundo, nos países árabes mais restritivos, essa regra é seguida à risca.
- As mulheres raramente se casam com homens gentis, pois, ao se casar, os maridos podem expulsá-las do país, por exemplo. Os homens têm uma posição mais privilegiada, podem se casar com cristãs ou judias, mas, neste caso, as mulheres não obtêm cidadania. Em caso de divórcio, as crianças ficam com o pai.
- A idade para se casar. Na maioria dos países árabes, a idade mínima para o casamento entre homens e mulheres é 18 anos. Por exemplo, os cidadãos da Tunísia podem se casar quando completarem 18 anos, mas na verdade a idade média das noivas é de 25 anos e a dos noivos, 30. Em alguns países continuam a ocorrer casamentos numa idade bem menor. Por exemplo, mais de metade das mulheres na Arábia Saudita e no Iêmen se casa antes de completar 18 anos de idade.
Como os casamentos são celebrados
Em diferentes países, os costumes não são os mesmos, mas muitas vezes a noiva e o noivo árabes celebram o casamento separadamente.
O casamento masculino não pode ser celebrado no mesmo dia do casamento da noiva e é realizado de uma maneira tradicional: chá, café, jantar e apenas uma celebração que não dura mais de 4 horas. O casamento da noiva é mais luxuoso: salas grandes, garçons e artistas famosos.
- O casamento feminino é um bom motivo para a mulher mostrar seus diamantes, sapatos de designers e vestidos de festa, já que, normalmente, essa beleza fica escondida sob lenços e hijabs (abayas), por isso para esses casamentos apenas mulheres são convidadas. Os homens estão proibidos de participar da cerimônia. Os funcionários que atendem são apenas mulheres, incluindo cantoras, fotógrafas e DJs. Se convidarem um cantor famoso, ele não verá nem noiva nem as convidadas. Ele cantará atrás de uma persiana ou em uma sala separada com transmissão para a sala em que a noiva e as convidadas estiverem.
- A chegada do marido é notificada com antecedência, para que todas as damas troquem as roupas e se cubram com abayas. Se o marido chegar com seus irmãos ou seu pai, então a noiva também de se cobrir com a abaya branca, já que parentes do sexo masculino não devem ver sua beleza.
- Não é de bom tom dar de presente de casamento dinheiro ou utensílios domésticos. A noiva recebe joias de presente.
Poligamia
- A maioria dos casamentos é monogâmico. Nem todos os homens árabes querem ser polígamos. O Islã permite ter até quatro esposas, mas cada uma delas deve ter sua própria casa, presentes, atenção e jóias e tudo deve ser do mesmo nível para todas. Ter várias esposas é um privilégio dos xeiques e dos ricos e, aliás, nem todos fazem questão disso.
- O primeiro casamento é o mais importante. Mesmo que o homem se case várias vezes, o primeiro é "o grande casamento". É considerado o principal e a esposa, "a maior" delas.
- Se o marido se casou com mais de uma mulher, as outras cônjuges devem aceitar isso. Elas têm de obedecer a vontade do homem e não mostrar nenhuma emoção. Normalmente, todas as esposas vivem em suas casas e raramente se veem.
Divórcio
Apesar dos estereótipos existentes, as mulheres árabes são muito respeitadas pelos homens. Elas não devem passar nenhuma necessidade.
As mulheres árabes foram as primeiras a obter o direito de se casar por vontade própria, divorciar e ter propriedades. Isso já tinha acontecido no século VII. As leis muçulmanas consideravam o casamento entre um homem e uma mulher como um contrato que só poderia entrar em vigor com o acordo de ambas as partes. Além disso, durante um tempo, foi aprovado que as mulheres tinham o direito de possuir propriedades e de dispor da riqueza da família ou do que ela ganhara.
- Roupa
- As mulheres têm de esconder o corpo com roupas longas, largas e o rosto, com um véu. Elas podem se vestir de diferentes maneiras: minissaias, calças jeans e shorts. Muitas garotas que conhecem a moda atual podem até invejar a moda das mulheres árabes. Mas, ao sair à rua, as mulheres têm de vestir um manto de seda que cubra seu corpo até os tornozelos e o rosto deve ser coberto com um lenço. Uma vez que sua beleza só pertence a seu marido, os outros homens não têm permissão para vê-la. Há exceções, como as cerimônias para mulheres, casamentos, em que não há homens e elas podem estrear seus vestidos feitos por estilistas. Embora nem todos os lugares adotem esse costume, as mulheres têm de cobrir a cabeça em quase todos os países árabes.
- O Kuwait é o país árabe onde as mulheres mais se vestem como ocidentais. No entanto, elas têm que ser muito discretas e fechadas.
- Em contraste com o Kuwait, existem países como o Iêmen e o Sudão, onde os costumes antigos ainda continuam e as mulheres são obrigadas a usar um manto preto para cobri-las completamente da cabeça aos pés.
- Educação e trabalho
- Não é proibido que uma mulher queira estudar. Muitas mulheres inclusive vão para o exterior para isso. Por exemplo, na Jordânia, o analfabetismo das mulheres é de 14%. Nos Emirados Árabes 77% das mulheres completaram o ensino médio e 75% estudam na Universidade Al Ain, em Abu Dhabi.
Sigam nossas Redes Sociais!
© Copyright 2019-2020 Um Olhar Mundo Árabe Comunicação e Participações S.A.
Venho de família síria, é bem isso mesmo, mulheres que lutam por seus direitos, agora que começa um minúsculo luz no fim do túnel. São homens que não casam por amor, com mulheres também. Infelizmente mistura a religião junto aos costumes, e quem não quer a religião é visto com diferenças entre os outros. Espero que logo acabe muitos tabus imposto sobre as mulheres. Eu sei o quanto minha mãe sofreu.
ResponderExcluirVenho de família síria, é bem isso mesmo, mulheres que lutam por seus direitos, agora que começa um minúsculo luz no fim do túnel. São homens que não casam por amor, com mulheres também. Infelizmente mistura a religião junto aos costumes, e quem não quer a religião é visto com diferenças entre os outros. Espero que logo acabe muitos tabus imposto sobre as mulheres. Eu sei o quanto minha mãe sofreu.
ResponderExcluir