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Disparada dos preços afeta preparativos do Ramadã no Mundo Muçulmano

 


Palestinos vão às compras em mercado de Jerusalém para se prepararem para o Ramadã - Hazem Bader - 29.mar.2022/

A invasão russa da Ucrânia no final de fevereiro acentuou os problemas alimentares de alguns países da África e do Oriente Médio e afeta os preparativos do Ramadã, o mês de jejum muçulmano que começa neste fim de semana e no qual as mesas ficam tradicionalmente cheias à noite.

Os fiéis, que quebram o jejum à noite com suntuosas refeições em família, agora têm dificuldades para atender às necessidades básicas diante do aumento dos preços dos alimentos e do combustível.

Os preços altos estão afetando e estragando o ambiente do Ramadã", disse à AFP Sabah Fatoum, morador da Faixa de Gaza, que é alvo de bloqueio de Israel, onde os preços dispararam a 11%, segundo as autoridades palestinas.

Rússia e Ucrânia estão entre os principais exportadores mundiais de produtos agrícolas, como o trigo, o óleo vegetal e o milho.

Mas a interrupção dos fluxos de exportação como consequência do conflito entre os dois países faz temer a fome, especialmente no Oriente Médio e na África.

No Iêmen, o país mais pobre da península arábica e devastado pela guerra desde 2014, as consequências já são sentidas.

Na capital Sanaa, Mohsen Saleh lembra que, embora os preços subam em todo Ramadã, "este ano subiram até o teto".

"A situação econômica está muito difícil. A maioria das pessoas no Iêmen é pobre e está no limite, não consegue acompanhar o ritmo", diz este homem de 43 anos.

Na Síria, cenário de uma guerra desde 2011 que deixou cerca de 60% da população em situação de insegurança alimentar, o Ramadã será ainda menos festivo este ano.

O óleo de cozinha é vendido em quantidades limitadas e seu preço mais que dobrou desde a invasão da Ucrânia.

O governo sírio, que depende em grande parte de Moscou para a importação de trigo, também está racionando o trigo, o açúcar e o arroz, por medo da escassez.

"Achei que o último Ramadã seria o mais frugal, mas parece que este ano teremos que remover ainda mais pratos", disse Basma Shabani, de 62 anos.

Instituições de caridade na Tunísia, que intensificam a arrecadação de alimentos para famílias carentes na véspera do Ramadã, estão ficando sem doações devido ao agravamento da situação socioeconômica.

A mesma situação acontece no Líbano, que desde 2019 sofre a pior crise econômica de sua história.

No Egito, o maior importador de trigo russo e ucraniano, o presidente Abdel Fattah Al Sissi ordenou um teto no preço do pão não subsidiado depois que seu preço subiu 50%.

A moeda local também perdeu 17% de seu valor neste mês.

Se alguém comprava três quilos de vegetais, agora compra apenas um", diz Oum Badreya, um vendedor de rua no oeste do Cairo.

A Somália, atolada em uma insurgência islâmica e sofrendo sua pior seca em 40 anos, também está se preparando para um Ramadã sombrio.

O Ramadã "será muito diferente porque os preços do combustível e dos alimentos estão disparando", disse Adla Nour, morador de Mogadíscio.

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